Em harmonia com a natureza: como não deixar rastros em ambientes naturais

Em harmonia com a natureza: como não deixar rastros em ambientes naturais

Em harmonia com a natureza: como não deixar rastros em ambientes naturais

Afinal, qual a maneira ideal de fazer uma fogueira na natureza? Posso lavar as panelas no rio? Qual o jeito certo de fazer cocô no mato? Qual a distância mínima de cursos d’água? Tenho que levar meu lixo orgânico de volta? Aquela casca de banana vai se decompor rapidinho…

Você é uma pessoa que se preocupa com o meio ambiente. Separa o lixo reciclável, fica atento no tempo do banho e tem orgulho de recusar sacolas plásticas no mercado. E quando viaja para a natureza, tem a consciência de não escutar música alta, trazer seu lixo de volta e não alterar a vegetação.

Mas convenhamos: por mais bem-intencionado que a gente seja, não é fácil reduzir nosso impacto a zero, não é mesmo? É só olhar um pouco para nossas aventuras passadas para lembrar de vacilos grandes que cometemos em campings, trilhas e expedições em ambientes naturais.

Eu pelo menos não esqueço de uma porção de agressões à natureza que fiz nos meus primeiros anos de viagens de mochila e bike: ir no banheiro no lugar e do jeito errado, lavar louça em curso d’água, acender fogueira sem qualquer necessidade, construir um camping perfeito na base do facão… Dá até vergonha de lembrar!

Para ajudar a não cometer os mesmos crimes ambientais, organizamos este post que explora um pouco a ética e as principais diretrizes a serem seguidas para aproveitar ao máximo nossa experiência em ambientes naturais. E claro, garantir que eles continuarão existindo para as gerações futuras.

O texto está dividido em três partes:

  1. Primeiro, eu apresento brevemente a evolução das experiências outdoor com o tempo;
  2. Depois, comento as 8 diretrizes do Sem Deixar Rastros, principal guia prático das boas maneiras para excursionistas em ambientes naturais; é aqui que estão as respostas para as perguntas do início do post, e muitas outras informações de ordem prática sobre a forma responsável de realizar atividades ao ar livre.
  3. No final, me junto à discussão sobre como podemos ir além de “não deixar rastros”, e ampliar nossa consciência como cidadãos e consumidores para o impacto ambiental do esporte e da vida outdoor, não só localmente mas também de forma global;

Se você leva também ama a natureza e leva o assunto a sério, leia, critique, compartilhe com os amigos e parceiros de aventura.

Vamos juntos ajudar a espalhar a ética outdoor!

 

O contato com a natureza: Realidade x Mito

Imagens desde Robson Crusoé até as aparentemente infinitas séries de sobrevivência do Discovery Channel inspiram a figura do “homem que domina a natureza”.

Esses mitos reforçam a ideia que o jeito certo de estar em um ambiente natural é com um machado na mão, e sorte nossa se cruzamos com uma cobra ou algum bicho para termos a chance de testar nossa coragem e arranjar o almoço de uma tacada só. 

Isso foi a verdade por muito tempo, desde o descobrimento das Américas até bem para dentro do século XX. Faz sentido: nesse tempo sobrava ambiente natural para os poucos que se aventuravam no mundo selvagem, e não havia nem um décimo das ferramentas e conhecimento que temos hoje à nossa disposição para a prática outdoor.

 

Caminhante sobre Mar de Névoa, pintura do século XIX que representa bem o ideal romântico do “Homem X Natureza”

 

Mesmo quando focamos apenas nas atividades de recreação em ambientes naturais (montanhismo, trekking, ecoturismo…), até poucas décadas atrás era impensável armar um acampamento sem acender fogueira ou fazer uma travessia de vários dias sem levar um facão. Reclamar de música alta ou isopor com cerveja na cachoeira, então…

Mas o tempo passou, o turismo outdoor explodiu a partir dos anos 50/60 e a realidade exigiu uma mudança de paradigma.

Isso não é novidade para nenhum montanhista, escalador outdoor, cicloturista, praticante de trekking ou visitante de Parque Nacionais: o maior desafio de experiências na natureza não são os desafios dela em si, mas sim como lidar com a constante degradação que os locais vem sofrendo pelo temível bicho-homem.

É excesso de gente, barulheira, lixo espalhado, cheiro de cigarro (e de outras fumaças), pixações em pedras e troncos de árvores, e um desrespeito geral pela harmonia e tranquilidade esperadas de uma vivência na natureza. Basicamente, não é mais possível ter experiências positivas e sustentáveis em ambiente naturais sem uma consciência de nossas ações como montanhistas e ecoturistas.

Se quisermos que outras pessoas – e outras gerações – possam ter a mesma oportunidade que nós temos de vivenciar o mundo outdoor, é fundamental saber qual a maneira mais respeitosa de percorrer uma trilha, armar um acampamento ou visitar pontos turísticos naturais. É preciso ir atrás de informação, planejar bem nossas saídas e resistir à tentação de querer brincar de Largados e Pelados.

Para quem quer saber mais sobre essa mudança histórica de nossa maneira de viver o ambiente outdoor, recomendo a leitura de Da Conquista da Natureza ao Não Deixar Rastros, de James Morton Turner (em inglês).

 

Os 8 princípios do Sem Deixar Rastros

O conceito do Leave No Trace (Sem Deixar Rastros) foi criado ainda nos anos 60 nos Estados Unidos, mas foi apenas nos anos 90 que esses princípios de mínimo impacto em ambientes naturais tomaram forma em diretrizes claras e objetivas e se transformaram em um programa de treinamento para guias outdoor e excursionistas.

A principal organização que trabalha para sua difusão é a Leave No Trace for Outdoor Ethics, ONG norte-americana cuja missão é desenvolver e difundir a ética em atividades ao ar livre. No Brasil, talvez o principal responsável pelo trabalho de divulgação das diretrizes foi a campanha Pega Leve!, um trabalho do CEU – Centro Excursionista Universitário em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.

 

Logo da campanha “Pega Leve!” de boa conduta em ambientes naturais

 

Acho bom lembrar que esses princípios foram desenvolvidos após muita pesquisa científica e consideração de grande parte da comunidade internacional de pesquisadores e praticantes de atividades outdoor.

A seguir estão as 8 diretrizes que constam no site do Ministério do Meio Ambiente. Eu tomei a liberdade de destacar com negrito e fazer comentários (em verde) em alguns trechos:

 

Planejamento é fundamental

  • Entre em contato prévio com a administração da área que você vai visitar para tomar conhecimento dos regulamentos e restrições existentes.
  • Informe-se sobre as condições climáticas do local e consulte a previsão do tempo antes de qualquer atividade em ambientes naturais.
  • Viaje em grupos pequenos de até 10 pessoas. Grupos menores se harmonizam melhor com a natureza e causam menos impacto.
  • Evite viajar para as áreas mais populares durante feriados prolongados e férias.
  • Certifique-se que você possui uma forma de acondicionar seu lixo (sacos plásticos), para trazê-lo de volta. Aprenda a diminuir a quantidade de lixo, deixando em casa as embalagens desnecessárias. (leve sacos resistentes!)
  • Escolha as atividades que você vai realizar na sua visita conforme o seu condicionamento físico e seu nível de experiência.

 

Você é responsável por sua segurança

  • O salvamento em ambientes naturais é caro e complexo, podendo levar dias e causar grandes danos ao ambiente. Portanto, em primeiro lugar, não se arrisque sem necessidade.
  • Calcule o tempo total que passará viajando e deixe um roteiro da viagem com alguém de confiança, com instruções para acionar o resgate, caso necessário.
  • Avise à administração da área a qual você está visitando sobre: sua experiência, o tamanho do grupo, o equipamento que vocês estão levando, o roteiro e a data esperada de retorno. Estas informações facilitarão o seu resgate em caso de acidente.
  • Aprenda as técnicas básicas de segurança, como navegação (saiba como usar um mapa e uma bússola) e primeiros socorros. Para tanto, procure os clubes excursionistas, escolas de escalada e cursos de idoneidade comprovada.
  • Tenha certeza de que você dispõe do equipamento apropriado para cada situação. Acidentes e agressões à natureza em grande parte são causados por improvisações, negligência e uso inadequado de equipamentos.
  • Leve sempre: lanterna, agasalho, capa de chuva, um estojo de primeiros socorros, alimento e água; mesmo em atividades com apenas um dia ou poucas horas de duração.
  • Caso você não tenha experiência de atividades recreativas em ambientes naturais, entre em contato com centros excursionistas, empresas de ecoturismo ou condutores de visitantes. Visitantes inexperientes podem causar grandes impactos sem perceber e correr riscos desnecessários.

 

Cuide dos locais por onde passar, das trilhas e dos locais de acampamento

  • Mantenha-se nas trilhas pré-determinadas – não use atalhos. Os atalhos favorecem a erosão e a destruição das raízes e plantas inteiras.
  • Mantenha-se na trilha, mesmo se ela estiver molhada, lamacenta ou escorregadia. A dificuldade das trilhas faz parte do desafio de vivenciar a natureza. Se você contorna a parte danificada de uma trilha, o estrago se tornará maior no futuro.
  • Ao montar seu acampamento, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto. Acampe somente em locais pré-estabelecidos, quando existirem. Acampe a pelo menos 60 metros de qualquer fonte de água.
  • Não cave valetas ao redor das barracas, escolha melhor o local e use um plástico sob a barraca.
  • Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não corte nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar.
  • Remova todas as evidências de sua passagem. Ao percorrer uma trilha ou ao sair de uma área de acampamento certifique-se de que esses locais permaneceram como se ninguém houvesse passado por ali. (uma dica pessoal: quando desmonto acampamento, costumo brincar na minha mente que sou um fugitivo e preciso despistar meus perseguidores – me estimula a ser metódico em não deixar rastros)
  • Proteja o patrimônio natural e cultural dos locais visitados. Respeite as normas existentes e denuncie as agressões observadas.

 

Traga seu lixo de volta

  • Embalagens vazias pesam pouco e ocupam espaço mínimo na mochila. Se você pode levar uma embalagem cheia, pode trazê-la vazia na volta.
  • Não queime nem enterre o lixo. As embalagens podem não queimar completamente, e animais podem cavar até o lixo e espalhá-lo. Traga todo o seu lixo de volta com você.
  • Utilize as instalações sanitárias que existirem. Caso não haja instalações sanitárias (banheiros ou latrinas) na área, enterre as fezes em um buraco com 15cm de profundidade e a pelo menos 60m de qualquer fonte de água, trilhas ou locais de acampamento, e em local onde não seja necessário remover a vegetação. Traga o papel higiênico utilizado de volta. (é MUITO importante saber lidar com suas fezes em ambientes naturais, pelo risco de contaminação em um lugar isolado de difícil acesso. Uma alternativa mais prática e responsável do que enterrar as fezes é ter um shit tube – leia sobre ele aqui)
  • Não use sabão nem lave utensílios em fontes de água.

 

Deixe cada coisa em seu lugar

  • Não construa qualquer tipo de estrutura, como bancos, mesas, pontes etc. Não quebre ou corte galhos de árvores, mesmo que estejam mortas ou tombadas, pois podem estar servindo de abrigo para aves ou outros animais.
  • Resista à tentação de levar lembranças para sua casa. Deixe pedras, artefatos, flores, conchas etc onde você os encontrou, para que outros também possam apreciá-los.
  • Tire apenas fotografias, deixe apenas suas pegadas, mate apenas o tempo e leve apenas suas memórias.

 

Evite fazer fogueiras

  • Fogueiras enfraquecem o solo, enfeiam os locais de acampamento e representam uma das grandes causas de incêndios florestais. (lembre-se que madeira morta é a casa de inúmeros fungos e outros microorganismos; matéria lenhosa em contato com o chão é o principal ingrediente para a recuperação de solos)
  • Para cozinhar, utilize um fogareiro próprio para acampamento. Os fogareiros modernos são leves e fáceis de usar. Cozinhar com um fogareiro é muito mais rápido e prático que acender uma fogueira.
  • Para iluminar o acampamento, utilize um lampião ou uma lanterna, em vez de uma fogueira.
  • Para se aquecer, tenha a roupa adequada ao clima do local que está visitando. Se você precisar de uma fogueira para se aquecer, provavelmente planejou mal sua viagem.
  • Se você realmente precisar acender uma fogueira, consulte previamente a administração da área que estiver visitando sobre os regulamentos existentes, e utilize locais estabelecidos.
  • Tenha absoluta certeza de que sua fogueira está completamente apagada antes de abandonar a área.

 

Respeite os animais e as plantas

  • Observe os animais à distância. A proximidade pode ser interpretada como uma ameaça e provocar um ataque, mesmo de pequenos animais. Além disso, animais silvestres podem transmitir doenças graves.
  • Não alimente os animais. Os animais podem acabar se acostumando com comida humana e passar a invadir os acampamentos em busca de alimento, danificando barracas, mochilas e outros equipamentos.
  • Não retire flores e plantas silvestres. Aprecie sua beleza no local, sem agredir a natureza e dando a mesma oportunidade a outros visitantes.

 

Seja cortês com outros visitantes e com a população local

  • Ande e acampe em silêncio, preservando a tranqüilidade e a sensação de harmonia que a natureza oferece. Deixe rádios e instrumentos sonoros em casa.
  • Trate os moradores da área com cortesia e respeito. Mantenha as porteiras do modo que encontrou e não entre em casas e galpões sem pedir permissão. Seja educado e comporte-se como se estivesse visitando casa alheia. Aproveite para aprender algo sobre os hábitos e a cultura do meio rural.
  • Prefira contratar os serviços locais de hospedagem, transporte, alimentação e outros. Desse modo, você estará colaborando para que os recursos financeiros permaneçam na comunidade.
  • Deixe os animais domésticos em casa, pois, além de afugentar a fauna silvestre, podem causar problemas sérios com a introdução de doenças e outras ameaças ao ambiente natural. Caso traga o seu animal com você, mantenha-o controlado todo o tempo. As fezes dos animais devem ser tratadas da mesma maneira que as humanas. Elas também estão sob sua responsabilidade. Muitas áreas não permitem a entrada de animais domésticos, portanto verifique com antecedência.
  • Evite usar cores fortes que podem ser vistas a quilômetros e quebram a harmonia dos ambientes naturais. Use roupas e equipamentos de cores neutras, para evitar a poluição visual em locais muito freqüentados. Para chamar a atenção de uma equipe de socorro em caso de emergência, tenha em sua mochila um plástico ou tecido de cor forte. (do mesmo jeito que com o som e a visão, tente ser discreto com o olfato alheio – evite perfumes e produtos de cheiro forte)
  • Colabore com a educação de outros visitantes, transmitindo os princípios de mínimo impacto sempre que houver oportunidade.

 

Mas esse é só o começo

E aí? Alguma dessas foi novidade? Sentiu-se contemplado? Acha que está faltando alguma coisa?

Se essas diretrizes fossem seguidas por pelo menos metade das pessoas, já seria um baita avanço na harmonia e na preservação dos espaços naturais. Mas elas foram criadas já há umais de 20 anos, e com o passar do tempo muitos pesquisadores e praticantes de atividades na natureza perceberam que a responsabilidade ambiental não pode terminar aí.

Dois dos críticos mais polêmicos na discussão dos princípios do Leave no Trace foram Peter Alagona e Gregory Simon, professores de Ciências Ambientais dos Estados Unidos. Eles publicaram em 2009 um ensaio entitulado “Além de Não Deixar Rastros” e uma resposta às críticas em 2012, “Não Deixar Rastros começa em casa” (em inglês).

 

“Os princípios de “Não Deixar Rastros” não poderiam existir como são hoje sem uma abundância de artigos de consumo. Esses produtos permitem que entusiastas da vida outdoor evitem impactos ambientais locais de maneiras impensáveis para gerações passadas. O uso desses artigos não zera o impacto ambiental – apenas o desloca do local de consumo para os locais de produção, distribuição e descarte.”

 

A ideia defendida por Alagona e Simon é que é impossível não deixar rastros; por mais disciplinados e furtivos que formos em nossas atividades ao ar livre, não podemos nos esquecer do impacto ambiental do comércio de produtos outdoor. Cozinhar com fogareiro continua sendo mais ecológico do que com uma fogueira, mas, segundo eles, ainda assim é preciso por na balança todas as consequências negativas das mineradoras, petroleiras e outras indústrias para que esse produto chegasse a sua mochila.

Outro ponto levantado no trabalho é que existem muitas formas de envolvimento com as questões ambientais que vão além das boas práticas em trilhas e campings, e que deveriam ser comentadas nas diretrizes. Como exemplo, a cartilha da campanha Pega Leve! acrescenta um chamado ao final da lista: 

 

Para colaborar ativamente na conservação de nossos parques e outras unidades de conservação, você pode:
  • Associar-se a um grupo excursionista. Os grupos excursionistas são entidades sem fins lucrativos que promovem atividades como caminhadas, montanhismo, canoagem, exploração de cavernas etc. Nestes grupos você encontrará companhia, treinamento e orientação para a prática dessas atividades com segurança e sem agredir o meio ambiente.
  • Apresentar-se como voluntário. No mundo todo, o trabalho voluntário é uma tradição em parques e outras unidades de conservação.
  • Verifique na administração das áreas que você visita se existe algum programa de trabalho voluntário. Denuncie agressões contra o meio ambiente aos órgãos responsáveis pela fiscalização dos parques e outras unidades de conservação.

 

Queimadas também são um dos maiores riscos que enfrentam áreas de preservação ambiental no Brasil

Da mesma forma, é importante lembrar que os lugares em que normalmente realizamos atividades ao ar livre – parques nacionais ou estaduais, reservas ecológicas, áreas de proteção, matas nativas – sofrem pressão continuamente para terem suas fronteiras diminuídas, seja na lei ou de forma ilegal.

E que o que acontece ao redor dessas áreas, inclusive além da chamada zona de amortecimento, pode influenciar diretamente na sua degradação: a expansão urbana, do agronegócio ou da mineração são todos fatores difíceis de controlar e que precisam estar em harmonia com a preservação do meio ambiente.

De fato, quando se para para pensar, “Não Deixar Rastros” realmente começa em casa. E é trabalho de todos nós.

 

Boa trilha!

 

Felipe Fontes

Ciclista apaixonado, escalador iniciante e jornalista nas horas vagas. Largou tudo e viveu em sua bike por três anos, desbravando 18 estados brasileiros e 13 países em dois continentes. Hoje vive de tomar banho de cachoeira em Carrancas, sul de Minas Gerais.

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