Sonho de escalador: conquistando o Pão de Açucar pela primeira vez

Sonho de escalador: conquistando o Pão de Açucar pela primeira vez

Sonho de escalador: conquistando o Pão de Açucar pela primeira vez

Por Raphael Nishimura

E finalmente eu consegui escalar do Pão de Açúcar!

Uma escalada que sonhava desde 2008, quando eu comecei a escalar na rocha. Mas por diversos fatores eu nunca havia me dado a oportunidade, mesmo viajando para o Rio de Janeiro diversas vezes.

Mas antes de continuar a história, eu preciso contar uma “praga” que eu roguei para alguns amigos: “se eu morrer antes de escalar o Pão de Açúcar, vou voltar para assombrá-los!“. Graças a minha amiga e escaladora profissional Cissa Carvalho, essa praga não existe mais.

Voltando: com a decisão de não participar do Mundial de Escalada, eu precisava arrumar alguma viagem pois as férias do trabalho já estavam marcadas. Comecei a planejar alguns locais para escalar, já que essas seriam as primeiras férias que eu iria me dedicar a escalar na rocha.

Com o retorno da Cissa, que estava morando na França e também gostaria de escalar por aqui, resolvemos ir para o Rio de Janeiro e encarar o maior número possível de vias clássicas tradicionais.

 

Mapa da clássica via Italianos com Secundo

Mapa da clássica via Italianos com Secundo

Após fazer uma aclimatação na via Coringa na mesma pedra, combinamos de fazer a escalada começando pela via Italianos com a via Secundo. O começo da via foi bem tranquilo, mas perto da primeira parada eu simplesmente empaquei. Não conseguia fazer o lance de forma alguma. Nesse momento eu acabei perdendo bastante tempo e a Cissa na segunda parada estava bem preocupada com o clima que estava fechando.  Conseguíamos ver a chuva no fundo do horizonte, mas que felizmente não chegou até o Pão de Açúcar nesse dia.

Da terceira para a quarta parada, foi onde eu tive meu maior medo na escalada até agora: uma travessia – tinha bastante agarras, mas o problema é que eu teria que retirar a costura e descer dois movimentos para entrar na linha da travessia, quem disse que eu conseguia fazer isso?

Lembro que quando eu cheguei no lance, eu havia retirado a costura e já estava escalando em direção à Cissa, quando ela me disse que se eu descesse seria melhor. Nessa hora eu travei. Acabei voltando para o grampo, costurei e passei a corda de volta! Nesse ponto eu apenas pensava no pêndulo em caso de queda e todo o ralado que iria acontecer.

Eu falei diversas vezes para a Cissa que não iria conseguir, mas ela conseguiu me acalmar, com muita paciência! Eu no desespero tentei em vão utilizar um cordelete para manter a corda no grampo, a única forma que eu via para fazer esse lance foi deixar o cordelete no grampo e utilizar para descer até a agarra de início da travessia, confesso que tirar o dedo do cordelete foi muito difícil, mas com a confiança que a Cissa passava eu consegui passar o lance! UFA!

 

Raphael Nishimura em pose vitoriosa após completar a escalada

Missão cumprida!

As demais cordadas foram bem mais tranquilas e conseguimos chegar ao cume sem maiores medos. Devido aos jogos Olímpicos havia um segurança nos aguardando para fazer a revista em nossas mochilas e material.

Escalar essa pedra foi muito emocionante, ver a vista lá de cima é algo impagável, recomendo essa escalada!

Gostaria de deixar um grande obrigado para a Cissa Carvalho, realizei um grande sonho!

 

Felipe Fontes

Ciclista apaixonado, escalador iniciante e jornalista nas horas vagas. Largou tudo e viveu em sua bike por três anos, desbravando 18 estados brasileiros e 13 países em dois continentes. Hoje vive de tomar banho de cachoeira em Carrancas, sul de Minas Gerais.

Deixe uma resposta