Como escolher a cadeirinha de escalada perfeita para você

Como escolher a cadeirinha de escalada perfeita para você

Como escolher a cadeirinha de escalada perfeita para você

Nós usamos tanto nossas cadeirinhas de escalada que elas acabam virando uma parte do corpo. Diferente das sapatilhas ou do magnésio, que servem para escalarmos melhor, a função da cadeirinha é muito mais discreta e essencial: ela salva nossas vidas. Mas além da segurança, uma boa cadeirinha deve ser confortável e se ajustar com precisão ao nosso corpo e à nossa modalidade de escalada.

Depois da sapatilha, a cadeirinha é o próximo item na lista de compras do escalador entusiasta. Mas, como tudo, existe no mercado um oceano de opções e é fácil se sentir perdido, sem saber o que é importante e qual é o ideal para cada tipo de uso.

Pensando nisso, preparamos este artigo simples para explicar as diferentes características deste equipamento e te ajudar na hora de fazer uma boa escolha.

Para que serve a cadeirinha de escalada?

Toda vez que um escalador cai de uma via, é a cadeirinha que salva sua vida. Ela é a proteção que conecta você com a corda de segurança e garante que, no caso de uma queda, seu peso  seja distribuído pelas partes mais fortes e centrais do seu corpo (coxas e core).

Aqui no Brasil, ela é conhecida quase sempre como “cadeirinha de escalada”, pela posição que coloca o escalador quando está pendurado por ela. Você também pode encontrar o termo “arnês” (mais comum em Portugal, uma derivação do inglês harness) ou “baudrier”, adaptado do francês. Todos significam o mesmo equipamento.

cadeirinha Venus, da Mad Rock

Cadeirinha feminina Venus, da Mad Rock

Mas, é claro, além de proteger sua vida, as diferentes cadeirinhas podem ter variações no conforto e praticidade. Uma cadeirinha focada na escalada esportiva é diferente de uma voltada para tradicional, ou ainda uma para escalada no gelo ou para alta montanha. A maioria delas é unissex, mas existem cadeirinhas desenvolvidas especificamente para se moldar ao corpo feminino. São diferenças sutis, mas que podem te ajudar na decisão do que você está precisando.

 

Anatomia de uma cadeirinha de escalada

A cadeirinha de escalada é um equipamento simples e fácil de entender. Basta usá-lo uma única vez para dominar seu funcionamento; mas, se ainda tem alguma dúvida, é só dar uma olhada na imagem e na explicação abaixo:

diagrama cadeirinha de escalada

Alça da cintura: é a parte principal da cadeirinha, feita de tecido sintético acolchoado. Ela deve ser fixada na altura da cintura, e não dos quadris (não onde você normalmente colocaria o cinto da calça, mas sim onde você prende a alça inferior de uma mochila de viagem, próximo ao umbigo)

Alça das pernas: são as alças que ajudam a distribuir o peso do corpo para as pernas, e permite que o escalador fique em uma posição confortável quando pendurado.

Fivela de ajuste da cintura: pode ser simples ou dupla. As duplas oferecem melhor controle do ajuste, e as simples economizam no peso. O importante é elas serem fáceis de ajustar e não deslizem quando tensionadas.

Fivela de ajuste das pernas: o ajuste das pernas é opcional, principalmente para cadeirinhas com foco na escalada esportiva, onde os atletas normalmente usam roupas leves e querem economizar peso; o ajuste das pernas ganha importância na escalada tradicional, principalmente em alta montanha e em climas frios, quando o escalador usa várias camadas de roupa que alteram a grossura das pernas.

Alças frontais: A alça frontal superior fica na cintura, a inferior conecta as alças das pernas. As duas são de material reforçado, e é por aí que se prende a corda para escalada guiada; passar a corda por ambas as alças ajuda a distribuir o peso e dá redundância ao sistema, o que oferece mais segurança (se uma das alças falhar, ainda resta a outra).

Loop frontal: ele conecta as duas alças frontais e é a parte mais reforçada do equipamento. O uso principal do loop é para a prática de rapel ou top rope, para fixar o belay (espécie de freio que controla a velocidade de passagem da corda e trava automaticamente em caso de queda).

Rack: o rack é o conjunto de alças ao redor da cintura que serve para prender outros acessórios durante a escalada. Normalmente quatro são mais do que suficiente para a maioria das situações; cadeirinhas focadas na esportiva podem reduzir esse número para salvar peso, e cadeirinhas de big wall ou escalada no gelo podem oferecer apoios extras.

Rack da cadeirinha em pleno uso

Como escolher a cadeirinha perfeita para seu uso

Conversamos com Luís Yoiti, sócio da loja Bivak de equipamento outdoor e um grande especialista em equipamento de aventura. Ele já ajudou muita gente, homens e mulheres, a escolher sua cadeirinha de escalada, e tem algumas dicas para quem está aí na busca. Basicamente, o importante é ter claro qual o uso que você vai dar pro equipamento, buscar algo confortável e com as certificações que atestam qualidade. Ele recomenda:

O primeiro passo é definir o tipo de cadeirinha que vai procurar. Normalmente com qual estilo de escalada tem mais afinidade, esportiva, tradicional, alpina , etc. No geral, para quem está começando, o mais adequado seria tendendo à tradicional, pois vai atender a Esportiva também, tranquilamente. No entanto, o parâmetro importante é o conforto.

Com relação à qualidade, primeiro a procedência, se é homologada pelas entidades em questão: UIAA e CE. A data de fabricação também deve  ser levada em conta. Em geral, equipamentos de segurança que usam material têxtil, em uso normal, consideramos até 10 anos de vida desde a fabricação. Assim, leva -se em conta quanto tempo de uso ainda tem ao adquiri-la.

Ainda na escolha do tipo, com ajuste nas pernas ou sem? Em geral, o ajuste nas pernas (para deixar mais justo) não quer dizer que é mais seguro. Tem mais a ver com a versatilidade. Consegue-se soltar as pernas sem soltar a cintura, mantendo-se seguro (encordado).

Tem alguma dúvida? Algum conselho que não viu aqui? Você é apaixonado pela sua cadeirinha de escalada e quer falar como ela é incrível? Fique à vontade nos comentários!

Felipe Fontes

Ciclista apaixonado, escalador iniciante e jornalista nas horas vagas. Largou tudo e viveu em sua bike por três anos, desbravando 18 estados brasileiros e 13 países em dois continentes. Hoje vive de tomar banho de cachoeira em Carrancas, sul de Minas Gerais.

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