Cross-Country, Enduro, Downhill, All Mountain… Você sabe a diferença?
Ok, qualquer ciclista sabe a diferença entre uma bicicleta speed, uma mountain bike e uma BMX. Mas você conhece todas as modalidades do MTB? Se está pensando em adquirir uma bicicleta de montanha, sabe qual categoria procurar? E sabe em qual modalidade a bike que você tem hoje se encaixa?
Confesso que até eu me perdia um pouco nos conceitos até parar para escrever este artigo. A primeira coisa que aprendi é que temos que separar a atividade que queremos fazer da bicicleta em si. Uma bike de cross-country pode se dar bem em um enduro, ou uma de all mountain se defender no downhill.
O importante é o tipo de atividade que você pratica. Quer uma bike que desça ladeiras com tudo? Downhill. Quer uma bike que pedale rápido no plano e subidas? Cross-country. Quer fazer um pouco de tudo? All mountain. Quer competir fazendo um pouco de tudo? Enduro.
Fica mais complicado que isso, é claro.
Cross-Country
Exemplo de competição cross-country
O Cross-Country (XC) é a modalidade original do Mountain Bike, de quando o esporte surgiu nos anos 70 na Califórnia. O que define o XC é o tipo de roteiro: as provas da modalidade são geralmente mais longas, envolvendo diversos tipos de terreno e com muitas horas de duração (chegando até a 24h de corrida non-stop).
Basicamente, tudo que não é asfalto entra no menu: estradas de chão, cascalho, trilhas, grama, areia, pedras… É uma modalidade de muita técnica, é claro, mas também exige muito condicionamento físico dos atletas para enfrentar as longas subidas e as várias horas de esforço.
É a única variante do mountain bike que virou esporte olímpico, e é a que tem mais praticantes no Brasil. Nas competições, podemos separar o Cross-Country em pelo menos duas categorias: o Olímpico (abreviado como XCO) e o Maratona (XCM). O primeiro é realizado em várias voltas em um circuito fechado, concentrando os desafios em um espaço menor (o que facilita a vida da organização e do público). Já a maratona é uma corrida de muitos quilômetros, podendo ser um circuito de volta única ou de ponto a ponto.
As provas mais épicas de mountain bike são de XCM: a Cape Epic, na África do Sul, é a única corrida de MTB no mundo com a categoria HC (hors catégorie) pela UCI, considerada a mais insanamente difícil do ciclismo. São mais de 700 quilômetros e 15 mil metros de subida acumulada, em 7 dias de evento. Precisa ser muito bruto só para pensar em se inscrever num evento desses.
A Bike de Cross-Country:
A típica bike de XC é uma hardtail (sem suspensão traseira) de aro 29′ ou 27,5′, e com o menor peso que o bolso do ciclista permitir. A leveza é importante para as longas subidas e trechos planos das provas, o que faz compensar abrir mão da suspensão traseira – ou, no máximo, usar uma com curso mínimo. Como o foco é performance, também não é a bike mais confortável do mundo, com guidão estreito e geometria agressiva.
Downhill
Uma típica cena de uma competição de Downhill
Downhill é talvez a modalidade mais adrenalina sangue-nos-olhos do mountain bike.
Como o próprio nome diz, é a variante do esporte em que o objetivo é descer o morro. Descer o morro por uma trilha estreita cheia de desafios como pedras, raízes, troncos, curvas fechadas e pequenos saltos, o mais rápido possível sem se esborrachar todo no chão ou no tronco de uma árvore.
É por isso que os praticantes de DH usam equipamento de proteção completo quase como um motociclista, com capacete fechado e tudo. O risco de cair não é pequeno, e se acontecer o ciclista pode se machucar feio.
Nos últimos anos, surgiu a variante urbana do Downhill, o DHU. Os morros em ambiente natural foram trocados pelas vielas e escadarias de cidades de relevo acidentado; no Brasil, a primeira e mais famosa prova de Downhill urbano é a descida das escadas de Santos, no litoral paulista.
Freeride
O Freeride é parecido com o DH: bicicleta similar, equipamento de proteção completo, adrenalina pura. Mas o foco do praticante de Freeride é fazer grandes saltos e manobras impressionantes com a bike, em rampas construídas ou adaptadas especialmente para isso.
A bike de Downhill:
Uma bicicleta de downhill precisa aguentar o tranco de todos os impactos e vibrações da modalidade, por isso é a mais resistente, amortecida e, consequentemente, pesada das mountain bikes. Sempre são full suspension, com curso de no mínimo 180mm, e têm pneus largos e macios focados na máxima aderência.
E também um bom freio à disco hidráulico (para frear apenas com um dedo, sem tirar a firmeza dos guidões) e marchas traseiras mais “pesadas”, voltadas para serem usadas em alta velocidade na descida.
A bike de Downhill pode não ter câmbio dianteiro: ao invés disso possui um guia de corrente, que serve para a corrente não escapar mesmo com tudo que a bike é exposta. E também uma geometria inclinada para trás, resultado da suspensão dianteira com curso gigante, o que acaba ajudando no equilíbrio nas descidas íngremes e curvas fechadas.
All Mountain / Enduro
Um ciclista praticando All Mountain
O All Mountain é a modalidade que fica entre os dois extremos do Cross-Country e Downhill: nem tão extenuante e focada na parte física quanto o XC, nem tão extrema e específica quanto o DH. O praticante de All Mountain tem uma bike que aguenta umas descidas e fazer uns saltos de vez em quando, ao mesmo tempo que não tem que descer e empurrar sempre em qualquer subida. É uma modalidade que vem ganhando popularidade no Brasil e no mundo pela versatilidade: você pode fazer um pouco de tudo, mesmo que não seja especialmente bom em nada.
Existe um pouco de discussão nisso, mas Enduro é a versão competitiva do All Mountain. Se no AM o objetivo é o pedal recreativo, ter uma bicicleta que você pode brincar de tudo, o Enduro é a competição de bike que envolve trechos de Downhill com trechos de pedal em retas e subidas. Normalmente, nessas provas se cronometra apenas os trechos de DH, e há apenas um tempo limite a ser vencido entre uma descida e outra. Claro, que como o foco é competição, a tendência é abrir um pouco mão do conforto para focar em leveza e performance.
A bike de All Mountain:
Existe muito espaço para preferência do ciclista nestas especificidades, e existem bicicletas que podem ser usadas em mais de uma modalidade. Mas no geral, uma bike de All Mountain vai ser uma com suspensão traseira e dianteira (com trava), mas de curso menor que uma DH, e mais leve e com geometria mais amigável para um pedal tradicional.
E aí? Entendeu a diferença? Descobriu qual é a sua? Vê as modalidades de outra forma? Vamos conversar nos comentários!
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